segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Viva!

É uma pena não ter segundo turno em São Paulo, ainda mais por tão pouco. É uma pena a Dilma não ter derrotado o Vampirão no primeiro turno, mas no segundo a gente leva. Agora, o título do post se justifica por outros nomes. O que Heráclito Fortes, Mão Santa, Tasso Jereissati, Marco Maciel, Arthur Virgílio, Antero Paes e Barros, César Borges, José Carlos Aleluia, Efraim Morais, Raul Jungmann, Rita Camata, Cesar Maia, Gustavo Fruet e Germano Rigotto têm em comum?

Fácil: todos eram ferrenhos opositores do governo do PT, alguns sem escrúpulo algum; todos se candidataram a senador e...

NENHUM DELES SE ELEGEU!!

Haja motivo para festejar!!!

Têm mais:

Sabe a listinha dos deputados que votaram contra os professores no PLC 29?

João Barbosa de Carvalho, Uebe Rezeck, Mozart Russomano, Vitor Sapienza, Said Mourad, Cassio Navarro, Jose Augusto, Milton Flávio, Waldir Agnello e Camilo Gava NÃO SE ELEGERAM!!! 10 a menos!!!


Vanessa Damo, Luciano Batista, Marco Porta, João Caramez, Rodolfo Costa Silva Não disputaram/foram cassados/tem zero votos...

Enfim, nem tudo esta perdido!

Abraços!

sábado, 2 de outubro de 2010

Em quem NÃO votar!

Caso nenhum dos nomes do post anterior tenha agradado ao leitor, vou divulgar outra lista, restrita ao cargo de deputado estadual, com os nomes de alguns deputados em que ninguém deve votar. Eles são contra a educação pública!

DEPUTADOS QUE VOTARAM CONTRA OS PROFESSORES E APROVARAM O PLC 29


DEM

Edmir Chedid, Estevam Galvão, João Barbosa de Carvalho, Milton Leite Filho

PDT

José Bittencourt, Rogério Nogueira

PMDB

Baleia Rossi, Jorge Caruso, Uebe Rezeck, Vanessa Damo

PP

Mozart Russomano

PPS

Alex Manente, Davi Zaia, Roberto Morais, Vitor Sapienza

PRB

Gilmaci Santos, Otoniel Lima

PSB

Ed Thomas, Jonas Donizette, Luciano Batista, Marco Porta, Vinícius Camarinha

PSC

Said Mourad

PSDB

Analice Fernandes, Bruno Covas, Cassio Navarro, Celino Cardoso, Celso Giglio, Fernando Capez, Geraldo Vinholi, Hélio Nishimoto, José Augusto, João Caramez, Maria Lucia Amary, Mauro Bragato, Milton Flávio, Paulo Barbosa, Pedro Tobias, Roberto Massafera, Rodolfo Costa Silva, Samuel Moreira, Vaz de Lima.

PTB

Campos Machado, Roque Barbieri, Waldir Agnello

PV

Camilo Gava, Edson Giriboni, Reinaldo Alguz

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Opções de Voto para Deputado Federal e Deputado Estadual

Pra quem ainda não tem um bom nome para candidato a deputado federal ou estadual aqui em Sampa, aí vão algumas sugestões:

Para Deputado Federal:

Paulo Teixeira - 1398
Ivan Valente - 5050
Luiza Erundina - 4021
Renato Simões - 1366
Célio Turino - 6513

Para Deputado Estadual:

Simão Pedro - 13134
Carlos Giannazi - 50789
Fausto Figueira - 13713
Eduardo Amaral - 50740
Carlos Neder - 13999
Roberto Felício - 13400

Para federal, eu votarei no Paulo Teixeira. Concordo integralmente com as propostas por ele apresentadas, especialmente as que defendem políticas de redução de danos e ampliação da defesa dos direitos humanos. Gosto muito do Ivan Valente, que sempre esteve com os professores em todas as nossas manifestações. A Erundina dispensa comentários, apesar de seu partido. O renato Simões e o Célio Turino fizeram ótimos mandatos.

Para estadual, ainda estou na dúvida entre o Simão Pedro e o Eduardo Amaral. O Simão muito provavelmente se elegerá. O Edu Amaral provavelmente não, mas puxará votos pro Giannazi, que também é bom e ligado à educação. Ele tem um discurso muito legal e boas propostas. O Felício é uma das poucas vozes do professorado na Assembleia estadual. O Fausto Figueira é um defensor da saúde pública de qualidade e também fez um bom mandato, assim como o Carlos Neder.

É isso aí, não adianta ganhar pra presidente e governador e votar na oposição pra compor o legislativo. É reta final, vamos que vamos!

PS: Se você esquecer a colinha na hora de votar, já sabe: vote na legenda, vote 13!

Recebeu e-mail difamando a Dilma? Veja as respostas!

Reproduzo post do Blog Seja Dita Verdade. Vale a pena conferir e repassar!

Todos os emails falsos sobre Dilma Rousseff
Posted by Seja Dita Verdade On September - 27 - 2010

Para facilitar a divulgação nesta última semana de campanha, fiz uma compilação dos emails falsos que circulam nesta campanha sobre Dilma Rousseff e seus respectivos desmentidos. Cada link remete ao leitor ao texto em questão. Espalhem, é importante:

A morte de Mário Kosel Filho: http://migre.me/1pfAb

A Ficha Falsa de Dilma Rousseff na ditadura http://migre.me/1pfCc

O porteiro que desistiu de trabalhar para receber o Bolsa-Família http://migre.me/1pfEJ

Marília Gabriela desmente email falso http://migre.me/1pfSW

Dilma não pode entrar nos Estados Unidos http://migre.me/1pfTX

Foto de Dilma ao lado de um fuzíl é uma montagem barata http://migre.me/1pfWn

Lula/Dilma sucatearam a classe média (B) em 8 anos: http://migre.me/1pfYg

Email de Dora Kramer sobre Arnaldo Jabor é montagem http://migre.me/1pfZH

Matéria sobre Dilma em jornais canadenses é falsa: http://migre.me/1pg1t

Declarações de Dilma sobre Jesus Cristo – mais um email falso: http://migre.me/1pg2F

Fraude nas urnas com chip chinês – falsidade que beira o ridículo: http://migre.me/1pg58

Vídeo de Hugo Chaves pedindo votos a Dilma é falso: http://migre.me/1pg6c

Matéria sobre amante lésbica de Dilma é invenção: http://migre.me/1pg7p

sábado, 4 de setembro de 2010

Serra e o Golpe

A propaganda eleitoral estava me deixando intrigado. Nos programas de Alckmin, projetos "sociais" como o Bom Prato ganharam papel de destaque, enquanto o tão propalado discurso do "choque de gestão" era aos poucos esquecido. Pensei, ingenuamente, que isso pudesse virar tendência nas próximas eleições, ou seja, a direita, vendo que o povo agora sabe o que é ter um governo que trabalhe, minimamente, para todos, se sentiria na obrigação -mesmo contra sua ideologia liberal - de tocar em assuntos que realmente interessam à população. Assim, Demos e Tucanos teriam, para brigar por votos, que aderir minimamente a uma agenda social, nem que depois não fizessem nada disso...

Qual não foi minha surpresa ao ler a ridícula notícia de que o sr. Serra pediu a impugnação da candidatura Dilma!? Que papelão essa imprensa suja esta fazendo ao insistir que um "não-fato", como o tal "vazamento de Verônica", deva ser investigado e possa ser usado como argumento numa possível impugnação!!

Parece que realmente a história se repete como farsa. José Serra poderia muito bem ser rebatizado de José Laserrda. Tal como o então jornalista udenista, Serra quer mais do que tudo ser presidente do Brasil. E pode apelar até para o golpe para atingir esse objetivo. As semelhanças continuam:

* Carlos Lacerda era o dono do Tribuna da Imprensa, assim como Serra é "agregado" da Folha de SP, que escreve o que ele quiser;

* Ambos foram esquerdistas um dia, antes de se aliarem ao que há de pior na direita brasileira;

* Lacerda convocou o golpe contra Getúlio em 1954 após sofrer um atentado à bala na qual morreu seu guarda-costas. Serra tenta o golpe após sua filha ter documentos pessoais xeretados por pessoas supostamente ligadas ao PT - ao menos é o que diz a imprensalona;

* Após perder as eleições de 1955 para JK e nova tentativa de golpe, Lacerda auto exilou-se em Cuba, onde alguns anos mais tarde aconteceria a Revolução Cubana comandada por Fidel e Guevara. Serra também auto exilou-se, no Chile, onde mais tarde se iniciaria a pior e mais sanguinária ditadura latino-americana, de Pinochet. Estava fugindo da ditadura implantada no Brasil em 1964, apoiada por Lacerda, que logo depois a abandonou, por não ter sido "lembrado" para presidente;

* Serra foi governador de um grande Estado e, assim como Lacerda - que governou a Guanabara - prestigiou as elites e a classe-média nos anos em que ficou no poder, sendo por essas reconhecido como "ótimo gestor";

* Lacerda perseguia outro jornal, o Zero Hora. Serra persegue os blogs.


No fim das contas, temos como principal expoente da oposição brasileira, o representante das elites, da direitona empedernida de São Paulo, José Serra, um Carlos Lacerda piorado, um farsante de péssimo gosto, sem discurso, sem projeto para o país, sem obra - tenha o sentido que for - nenhuma para mostrar. Pior do que isso, seus adversários políticos, em momento algum, lhe deram um único motivo sério para se queixar da democracia ou de sua segurança pessoal. Tem de inventar factoides estúpidos, que só uma imprensa ainda mais estúpida poderia encampar.

Não vai ser dessa vez que a direita terá um projeto para o país, infelizmente.




quinta-feira, 29 de julho de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

O Projeto Ficha Limpa

Recebi de um grande amigo, já há algum tempo, o e-mail sobre o projeto ficha limpa. Embora, de início, seja muito fácil engrossar o coro dos que defendem esse projeto de lei, acho que não é uma boa ideia.

O principal argumento dos que defendem a lei é o de que ela impediria que pessoas já condenadas pela justiça pudessem ser elegíveis, o que, segundo esse pensamento, melhoraria o nível dos ocupantes do Legislativo e do Executivo, moralizando a política. Ora, eu não vejo como proibir que se elejam pessoas condenadas por determinados crimes possa significar, efetivamente, uma moralização política, pelo simples fato de que os futuros eleitos continuarão tendo todas as facilidades existentes hoje para roubar, desviar, corromper, fraudar, etc.

Sem um combate aos mecanismos da corrupção, qualquer um pode ser cooptado. Acho que não é necessário frisar que uma pessoa que nunca foi condenada pode, obviamente, já ter praticado atos ilícitos, sem jamais ter sido pega. A lei deveria se preocupar, por exemplo, em endurecer as penas existentes para os corruptores. Ninguém discute, na imprensa, o papel dos corruptores, das grandes empresas sonegadoras, das que ajudam a fraudar o INSS e licitações.

Quando se descobre um grande escândalo de corrupção, os holofotes logo se viram para os políticos, deixando a penumbra para as grandes empresas financiadoras do escândalo. É um tanto óbvio, onde há corrupção, há sempre dois grandes lados interessados. Os que irão facilitar a mamata - geralmente políticos ou funcionários públicos ligados a estes - e os que estão interessados na mamata - as empresas interessadas em prestar obras e serviços para o governo, a preço de ouro, por exemplo. Que as leis e a fiscalização sejam mais duras também com os corruptores, isso sim seria legítimo e diminuiria os casos de corrupção no Brasil.

Outro ponto é a excessiva judicialização do Brasil. Tudo é proibido por lei. Fumar é proibido, abortar é proibido, outdoor é proibido - ao menos aqui em Sampa - enfim, tudo passa pela letra morta da lei. Os espaços de discussão, reflexão e acordo mútuo são cada vez mais raros. A democracia, portanto, esta se tornando cada vez menos participativa. O Judiciário fica cada vez mais forte. E isso é um perigo muito grande. O poder judiciário, ao contrário do que a imprensa e os próprios juízes alardeiam, de isento não tem nada. Como tudo em qualquer sociedade, é exercido por pessoas que tem suas próprias convicções políticas, religiosas e morais. Logo, decisões políticas podem ser tomadas a partir de convicções religiosas, e assim por diante.

Portanto, quanto mais dependermos do judiciário para tomar decisões políticas, pior. O poder emana do povo, e o povo coloca no poder quem ele quiser. Na verdade, sabemos que a coisa não funciona assim, o querer do povo é influenciado por questões que não deveriam fazer parte de um estado laico, como a eleição de bancadas evangélicas. Também é influenciado por interesses das grandes empresas de comunicação de massa. Mas, em última instância, se mesmo com todas as campanhas anti-drogas e o combate ao narcotráfico, o povo quiser eleger um traficante para vereador, em tese é porque o considera mais apto a resolver os seus problemas do que o almofadinha da juventude do DEM. Isso é democracia. O resto é tentativa de manter o poder nas mãos dos mesmos que aí estão, há séculos.

Ainda há outra questão, fundamental. Recorre-se a uma lei, tida como de iniciativa popular - o Cansei também era de iniciativa popular? - para impedir que pessoas que foram condenadas pela própria justiça possam se candidatar. Há um paradoxo nessa ideia. Quando alguém é preso, há razões para isso. Ele desrespeitou leis que o levaram à prisão. E há propósitos para o cumprimento da sentença. Um, é punir o indíviduo. Outro, é o exemplo que é gerado para os outros cidadãos - "- Olhem o que acontece com quem não respeita a lei!" - e o último, pelo menos no Brasil, é recuperar o infrator. Oras, a partir do momento em que não se tem confiança alguma de que o infrator irá se recuperar, faz-se uma lei impedindo que ele possa se eleger. O paradoxo é que não se confia na Justiça para uma coisa, mas recorre-se a ela logo em seguida, para remediar a primeira. Não é compreensível. Ou a justiça funciona, e punimos e recuperamos os infratores que servem de exemplo de como não agir para o restante da sociedade, ou a justiça não funciona. Se não funciona, que não se recorra a ela, em seus mesmos termos.

Para não eleger corruptos ou condenados, se essa for a decisão do eleitor, que ele vote em quem não é. A gente precisa, urgentemente, fazer política: conversar, debater, educar, cobrar os políticos que elegemos, denunciar as falcatruas na política e na imprensa e daí em diante. Sem isso, nada muda, com ou sem o ficha limpa.


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ainda estou vivo...

As coisas por aqui estão um tanto paradas, por completa falta de tempo. Assumi mais um cargo de professor, dessa vez na prefeitura, e me tornei uma pessoa pior. Não tenho mais paciência com nada e me pego achando que todos os que trabalham menos do que eu são vagabundos e merecem se ferrar, rsrsrsrs Quem trabalha demais tem uma bela chance de ficar reaça! Após essa breve experiência, descobri que a receita para uma sociedade melhor é diminiur a carga horária!!! Haja paciência para aturar, todos os dias, ônibus lotado, adolescente folgado, barulho, trânsito e mais trânsito, pra ir e pra vir, daqui pra lá, em todo lugar, das 05:40 até as 20h!!! Assim ninguém aguenta, sem ficar um pouquinho ranzinza e ultraconservador. Por isso que quem se mata de trabalhar acaba achando que o Bolsa Família é coisa pra vagabundo, que é melhor ensinar a pescar e blá, bla, blá.

Nessas de ter dois trabalhos, acabei não recebendo umas ligações lá da imprensa oficial, provavelmente para falar sobre a minha solicitação no mês passado, sobre a tal resolução que permite espancar professores no entorno do castelo tucano. Lá no Morro Doce, dependendo do local, a Claro não pega. Assim que der, ligo lá pra saber e posto aqui.

Exercitando um pouco a arte da rabugice, li uma notícia tão imbecil que não vai passar em branco. É esta aqui. Atente para as pessoas que estão na foto. Vítimas do BBB? Puta merda, que protesto imbecil! "No pants day", ou o diabo que o valha, é o nome desse "flash mob". Putz, a galera combina com antecedência, quer dizer, há um planejamento para se fazer isso! É inacreditável! E a cara dos participantes? Aposto que decidiram fazer o tal protesto após carpirem um terreno de 10 x 50! É o cúmulo da falta do que fazer e, principalmente, da vontade de aparecer! Olhem para as fotos do evento, é demais! Uma, faz pose com sua perna "tatooed". Outra, posa de ladinho. Nem quero terminar de comentar pra não ser processado.
Só não vou dizer que é sem-vergonhice porque ainda não me transformei completamente, mas nada que uns anos mais de jornada dupla não possam mudar...

Se bem que o futuro do sindicato pode ser esse. Imaginem a manchete, "Professores fazem 'flash mob' por melhores condições de ensino e reajuste salarial. Docentes avisaram que fariam o protesto em frente ao Castelo do Conde Drácula, mas a polícia não quis nem saber e, aproveitando-se da situação um tanto embaraçosa, desceu o cacete em todo mundo. O governo acusou os participantes do protesto de atentarem contra a ordem e a moral públicas, e insistiram queo protesto é político. Palavras do governador: -Aqui em São Paulo, não aturaremos esse tipo de perversão! São Paulo, um Estado cada vez melhor!"

Barbárie em todas as suas formas...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Será Censura???

Pois bem, fiquei intrigado com o fato de não haver encontrado, no google, a redação da tal Resolução 141, de 20/10/1987, aquela que impede as manifestações no entorno do Palácio dos Bandeirantes. Eu estava intrigado pois a pancadaria ocorreu beeem longe do palácio, e eu queria tirar isso a limpo. Pois bem, fui ao site da imprensa oficial e procurei o caderno Seção I - Executivo de 21/10/1987, no qual deveria estar a tal Resolução. A Seção I - Executivo de todos os outros dias em que fiz a busca aparaceram, sem problemas. Justamente a Seção I - Executivo do dia 21/10/1987, na qual deve ter sido publicada a Resolução 141, não estava disponível para visualização. Fiquei sem saber o que pensar.

Liguei, então, no 0800 da Imprensa Oficial. Primeiro, a atendente Mônica me informou não havia sido publicada a Seção I - Executivo no referido dia. Insisti que isso não era possível, ele me pediu para aguardar e... a linha caiu! Liguei novamente, e fui atendido pela Érica. Muito atenciosa, sugeriu que eu visse as resoluções no site da ALESP. Lá, não sei por que cargas d'água, só aparecem as resoluções até 1928! Disse isso à ela, que foi verificar. Me informou, então, que ela conseguia visualizar tranquilamente o caderno, e que deveria ser algum problema de configuração do navegador. Insisti que não era isso e perguntei novamente se o caderno existia, e pq eu não consegui acessá-lo. Após alguns instantes, ela disse que realmente havia algum "problema técnico" e que o caderno não estava aparecendo para consultas pela internet. Disse que iria mandar a reclamação para a área técnica. Para tanto, solicitou meu CPF, nome completo, e-mail, endereço e telefone, para "fazer o cadastro". Forneci os dados. Estou com o protocolo. Vamos aguardar, mas é uma coincidência pra lá de estranha não??

Editorial do Estadão sobre a desmoralização da Apeoesp

Não tardou a retaliação do Estadão ao movimento dos professores. Em editorial do dia 10/04/2010, o jornalão amigo do Serra desceu a lenha no sindicato. Contudo, utilizou argumentos tão tendenciosos e, por vezes, contraditórios, que nem deveria haver maior repercussão.

Entretanto, continuando naquela linha de raciocínio de responder a todas as mentiras e deturpações, para que não se tornem verdades, vamos lá! Primeiro, postei o texto, com as principais "teses" do jornal, em vermelho. Depois comento os itens...

Aí vai:

A desmoralização da Apeoesp

Duas semanas após ter proposto aos seus liderados que quebrassem a "espinha dorsal do governador José Serra e do governo do PSDB", durante uma passeata em frente ao Palácio dos Bandeirantes (1), a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, teve de deixar a tumultuada assembleia que aprovou o encerramento da greve da categoria, iniciada no dia 8 de março, escoltada por seguranças, sob palavrões, chuva de ovos e duas bombas caseiras. Dos 220 mil professores da rede estadual, somente 1.500 compareceram ao evento, que mais uma vez paralisou a região da Avenida Paulista.(2)

Sempre agindo como um dos braços do PT (3), a Apeoesp, que é vinculada à CUT, deflagrou a greve com o objetivo de criar constrangimentos políticos a Serra, nas vésperas de se desincompatibilizar para lançar sua candidatura à Presidência da República.(4) Para disfarçar o caráter eleiçoeiro da paralisação, a Apeoesp apresentou uma extensa e absurda lista de reivindicações.(5)

Além de exigir um reajuste salarial de 34,3%, pleiteou a suspensão de todas as medidas adotadas pela Secretaria da Educação para melhorar a qualidade do ensino na rede pública de ensino básico ? como os exames de avaliação de desempenho docente, as provas de promoção por mérito e a escolha dos docentes temporários por meio de concurso público. (5)

Sem terem conseguido ver atendida qualquer reivindicação, as lideranças sindicais saíram da greve inteiramente desmoralizadas, pois o governo agiu com rigor. Não só cortou o ponto dos faltosos, como também vai descontar do salário dos grevistas os dias não trabalhados e exigir que reponham as aulas que deixaram de ser dadas, para evitar prejuízos para os alunos (6).

Ao justificar o fracasso da greve, os dirigentes da Apeoesp acusaram as autoridades estaduais de terem agido de modo autoritário, recusando-se a negociar. Desde o início da paralisação, contudo, ficou evidente que os líderes da entidade careciam de representatividade. (7) Como só 12 mil docentes ? 5,5% do magistério público ? cruzaram os braços, a maioria das 5,5 mil escolas da rede pública continuou funcionando normalmente. Segundo a Secretaria da Educação, a greve afetou 1% da rede escolar. (8)

Para ocultar o fracasso do protesto, desde o início as lideranças sindicais recorreram a dois velhos e surrados expedientes. O primeiro foi escolher o vão livre do Masp para realizar "assembleias", com o objetivo de provocar congestionamento na região da Paulista e tentar passar a imagem de força. (9) O segundo expediente foi realizar passeatas em locais proibidos para obrigar a Polícia Militar (PM) a intervir e, com isso, ter pretexto para acusar o governo de agir com violência. (10)

Além de moralmente condenáveis, por converterem a população paulistana em massa de manobra (11) de uma corporação profissional, esses expedientes estão custando caro para a Apeoesp. No ano passado, o Tribunal de Justiça condenou a entidade a pagar R$ 1,2 milhão para o Fundo de Interesses Difusos, por ter feito uma passeata em 2005 em desacordo com a legislação. A Corte decidiu que o exercício do direito de greve não pode desprezar o direito de terceiros. Entre 2008 e 2009, os diretores da Apeoesp voltaram a desrespeitar decisões judiciais que proibiam manifestações de protesto em vias públicas. E o Ministério Público estadual já solicitou à CET e à PM relatórios sobre os prejuízos acarretados à cidade pela paralisação da Avenida Paulista por três sextas-feiras consecutivas em março. Esses dados subsidiarão novas ações de ressarcimento.

O fracasso da greve e a desmoralização dos dirigentes da Apeoesp deixaram claro a insatisfação do professorado da rede escolar paulista com a tentativa de exploração política de suas reivindicações corporativas (12). A categoria já descobriu que, enquanto suas lideranças sindicais estiverem agindo como braço auxiliar de agremiações partidárias, as reivindicações corporativas, muitas delas justas e procedentes, não serão atendidas. (13)

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Lá vamos nós outra vez, desconstruir as mentiras do Estadão, um jornal à serviço do PSDB, como pode ser visto aqui:


1 - A apresentação da presidente do sindicato, Maria Izabel Noronha, não poderia deixar de contar com a famosa frase proferida pela mesma em assembleia do dia 26/03. É uma boa tática para, desde o início, colocá-la como opositora do governo. E é verdade. O problema é, que mal há nisso? Todos têm o direito de se filiar ao partido político que bem entendam. Se um governo, como o do PSDB, há 16 anos no poder, quebrou a espinha dorsal do magistério paulista, pq não dar o troco?


2 - Começou a choradeira das viúvas da paulista livre e desimpedida de todos os dias. Tem mais...


3 - Essa é, para bom entendedor, uma opinião do jornal. Quem de fato conhece a Apeoesp sabe que ela não é um braço do PT. Ela engloba setores de oposição ao PT, também, como o PSOL, PSTU, PCO. E tem muita gente no sindicato que é apartidária. A tática é velha. Primeiro, fala que a Bebel é do PT, e ela é mesmo. Num segundo momento, estende o raciocínio ao restante do movimento.


4 - A batida tese da greve eleitoreira. Não comentarei ainda, tem outras como essa mais pra frente, até com um grand finale.


5 - A lista de reivindicações é extensa e absurda, para o jornal. Ok. Veremos se isso irá continuar assim...A segunda parte do tópico 5 são as reivindicações "extensas e absurdas"....


6 - O governo não agiu com rigor, agiu com autoritarismo. Não é rigor nenhum que se descontem os dias parados, faz parte da legislação competente. Repor as aulas também é lei, logo, não há rigor nisso. A mensagem do jornal, nesse caso, destina-se ao público que o adora. Fascistas loucos por um ditador que mande bater em professores e na corja vermelha que assola o país. O pior é que esse discurso vem ganhando adeptos.


7 - Ainda não compreendi essa frase. Como é que os líderes de um movimento sindical podem carecer de representatividade? Não foram eleitos, democraticamente? Então não carecem de representatividade, oras! É claro que não são unânimes, mas só o Serra o é, pelo menos para os grandes jornais e revistas do país.


8 - "Só" 12 mil professores pararam, ou 5,5% dos professores. De onde saiu esse número? A secretaria não insistiu, desde o começo da greve, que apenas 1% tinha parado? Como acreditar que isso seja verdade? Qual a fonte?


9 - O uso de aspas em assembleia demonstra o ranço antidemocrático do jornaleco. Assembleia, para o nobre autor do editorial, só a de condomínio mesmo!

Parar a Paulista não demonstra força, pelo contrário, a mídia vendida utiliza isso para enfocar o trânsito causado e desviar a atenção das reivindicações.


10 - Essa é de arrepiar. Então quer dizer que é proibido andar na Giovanni Gronchi, há 300 metros do Morumbi? E, mesmo que isso fosse verdade - o que, pasmem, NÃO CONSEGUI VERIFICAR NO SITE DA IMPRENSA OFICAL (como explicarei em post futuro), seria inconstitucional. A Constituição de 1988 garante, em seu artigo 5º, inciso XVI, que todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Vou além, mesmo que a tal resolução fosse Lei e constitucional, nem assim a polícia militar teira o direito de agredir os manifestantes. Polícia deve servir e proteger a população, não encher de porrada quem se manifesta contrariamente aos desmandos do governo.


11 - A afirmação de que alguma coisa é moralmente condenável esconde o lado de quem a pronuncia. É moralmente condenável para quem, sob que ponto de vista? Para quem defende o governo e a sua política neoliberal, pode até ser... Para os professores, não é.

Desde quando a população paulistana é massa de manobra dos professores? Se o fosse, o PSDB com certeza não estaria há 16 anos no poder.


12 - Quem estava descontente com alguma coisa eram os professores grevistas! Em nome de quais professores o jornal O Estado de São Paulo fala? Eu acho que, no máximo, em nome daqueles que não entraram em greve, que devem estar contentíssimos com as condições de trabalho. Para verificar toda essa alegria, sugiro ao editorialista uma visita à sala dos professores de qualquer escola...


13 - Relendo as partes 4 e 5, têm-se a impressão de que alguém deu uma paulada na cabeça do editorialista e redigiu o último parágrafo em seu lugar. Ué, não havia dito o nobre escriba que a greve era eleiçoeira e com reivindicações absurdas e extensas? Como é que, agora, diz que muitas das reivindicações corporativas são justas e procedentes? Algo esta errado com esse "raciocínio", não? Pois é, o próprio editorial acaba "revelando"que a greve tinha uma pauta de reivindicações justa e procedente, ao menos em parte. O que já desmascara qualquer tentativa de caracterizá-la de partidária, eleiçoeira ou outras tolices.

O mais grave, porém, é bradar aos ventos que quem quer que discorde do programa do PSDB não será sequer ouvido. Quer dizer então que, para ter reivindicações atendidas, será necessário ser eleitor do PSDB e concordar com sua política? Eu achava que vivêssemos em uma democracia, caramba!!!



segunda-feira, 29 de março de 2010

Série "Posts Roubados" - 3

Dando continuidade aos posts "roubados", veja um dos motivos pelos quais o jornalista Gilberto Dimenstein gosta tanto de criticar os professores e afagar o desgovernador José Serra...

Clique aqui para acessar o NaMaria News.

sábado, 27 de março de 2010

Sobre os confrontos na manifestação de 26/03

O desgoverno de São Paulo ultrapassa agora todos os limites da mentira e da manipulação da opinião pública. Responderei, minuciosamente, todos os pontos defendidos pelo secretário Paulo Renato e sua equipe, pois não se pode deixar uma mentira sem resposta, sob o risco de que se torne verdade.

Leiam a íntegra da nota:

"Uma comissão de sindicalistas foi recebida por representantes da Secretaria da Educação e da Casa Civil no Palácio dos Bandeirantes. O governo informou que só aceita conversar sobre salários após o fim da greve (1). A Secretaria da Educação também informou que não vai mudar nenhum dos programas que são combatidos pelo sindicato, como o Programa de Valorização pelo Mérito, que dá aumento de 25% de acordo com o resultado de uma prova; a lei que acabou com a possibilidade de faltar dia sim, dia não (2); e a criação da Escola Paulista de Professores, com a abertura de concurso para dez mil novas vagas. São esses programas que estão permitindo melhorar a educação de São Paulo (3) , com o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado tendo melhorado 9,4% em 2009 em relação a 2008. Ainda nesta semana o governo pagou R$ 655 milhões em Bônus por Resultado (4) para 210 mil profissionais da educação.

A Secretaria informa, ainda, que o movimento da Apeoesp afeta apenas 1% das escolas (5). O sindicato convocou a greve sem que tivesse tentado nenhuma negociação com a Secretaria da Educação (6), o que evidencia sua finalidade política. (7) O movimento contesta, também, leis aprovadas na Assembleia Legislativa após amplo debate, o que indica mais uma vez o seu desprezo pelas regras da democracia. (8)

A Secretaria da Educação lamenta a truculência e a violência dos sindicalistas (9), que nesta semana fizeram baderna até mesmo dentro de um hospital. A Secretaria considera que a violência é uma tentativa do sindicato de criar um fato político, já que a rede de 5.000 escolas estaduais funciona normalmente.(10)"


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Agora, o que de fato significa tudo isso:

1 - Quem só aceita "conversar" sobre salários - mais uma vez tentando diminuir o movimento - depois do fim da greve só pode estar delirando. Negociar sem greve não é negociar, é impôr. A greve é a moeda de troca dos professores em uma negociação. Quem pretende negociar após a greve não pretende negociar coisa alguma.

2 - A lei que acabou com a possibilidade de faltar dia sim dia não, nas palavras tucanas, é a 1041/2008. Na prática, ela limita as faltas dos professores em até 6 vezes ao ano para consultas médicas, não mais do que uma vez por mês. Sob o pretexto de "moralizar" as faltas, cria-se uma lei que pune quem fica doente. Em que profissão limita-se as faltas de um funcionário doente? É ridículo. Ainda mais pq manipula a opinião pública, ao igualar a situação anterior com "professores que faltam dia sim dia não". É muita manipulação! Nunca vi professor algum faltando dia sim dia não, e, se faltasse, não teria o menor respeito dos alunos e dos colegas. A lei ignora ainda o fato de que o magistério é uma profissão com horários rígidos, o que inviabiliza possíveis acordos - falto hj, mas compenso amanhã, por exemplo - tão comuns em todas as outras repartições públicas e empresas privadas. Pra piorar a situação, as consultas no IAMSPE não permitem que se escolham os horários. Autoritarismo disfarçado de "eficiência de gestão de recursos humanos".

3 - Realmente, gostaria muito que me explicassem em que parte do Estado de São Paulo a educação melhorou, e qual foi o papel dessas políticas nessa "melhora". E lembrem-se de que o PSDB governa esse estado há 16 anos... Os índices do IDESP, apesar de toda a manipulação do governo, com apostilas e conteúdo único para facilitar na hora da prova, além da junção das categorias 'básico' e 'adequado' para dar uma média "positiva", são rídiculos. A média do Estado, para o Ensino Médio, não é nem 2,00. Não é preciso ir muito além desse fato.

4 - A bonificação por resultados é uma política antiga, que ninguém mais usa. Funciona nos primeiros anos, com as escolas alcançando os índices propostos - nem isso acontece por aqui - mas não vai adiante, pois não altera a estrutura do ensino, não altera a prática pedagógica, não serve para tornar a educação includente. Supor que algém dará uma aula melhor para tentar ganhar um bônus no final do ano baseado em provas feitas por seus alunos é achar que todo mundo é idiota. Não precisamos de bônus, precisamos de salários dignos.

5 - Se a greve afetasse apenas 1% das escolas, não haveria polícia metendo o cacete em professores, nem teriam recebido uma comissão para "negociar" a greve. Se 1% do professorado paulista consegue ocupar toda uma pista da Consolação, devo ter faltado nas aulas de matemática.

6 - A Apeoesp protocolou um pedido de negociação com o governo em 19/01. Não houve nenhuma resposta. Mais uma mentira do governo.

7 - Na verdade, o governo esta se referindo ao movimento como eleitoreiro. É que movimento político pode significar muitas coisas, fato que o desgovernador de São Paulo deve desconhecer. Política pode significar os meios pelos quais se consegue o que se quer, formas de manter o poder, maneiras de organização social, enfim, política acontece em todo lugar, o tempo todo. O desgoverno mente ao afirmar que a greve tem motivações eleitorais. Tanto é que não tem nem coragem de afirmar isso de verdade. Joga com as palavras e com a opinião pública, para tentar desqualificar o movimento. A greve tem uma pauta de reivindicações. Basta negociar.

8 - O amplo debate a que se refere o governo aconteceu onde? No Fasano? Chamar o rolo compressor de Serra na Assembleia Legislativa de democrático beira o sarcasmo. Qualquer partido com ampla maioria na assembleia aprova o que bem entender. Quem não concordar, não concorda com a democracia? Bela lição de sociologia essa do PSDB. Anti-democrático é o próprio governo, que se recusa a dialogar com um movimento legalmente constituído e que representa grande parte dos professores do Estado, já que une APEOESP, UDEMO, CPP, entre outros. Está virando moda entre essa turma tucana chamar a todos os que discordam de suas medidas excludentes e privatistas de anti-democráticos, truculentos e daí pra baixo. Deve ser a falta de alternância no poder, já que governam o Estado há 16 anos e conseguiram um índice de desenvolvimento da educação menor que 2, numa escala que vai até 10. Ainda bem que alguém discorda dessa política!!

9 - Os "sindicalistas" é que são truculentos e violentos? Primeiro, quem estava na manifestação não era "sindicalista". Eram professores e alunos. Segundo, quem é truculento e violento é o próprio governador, além de autoritário. E covarde, muito covarde! Atirar balas de borracha, jogar bombas de efeito moral e dar cacetadas nos professores deve ser um ato de amor do desgoverno e da PM, essa insituição que prima pelo respeito aos direitos humanos... Essa tática é velha: acusam de violentos e truculentos justamente para não serem acusado disso. Mas a tecnologia é nossa aliada. Vários professores filmaram tudo, e as imagens hão de mostrar quem foi violento, truculento, canalha e covarde!!!

10 - A rede estadual funciona normalmente, sem no mínimo 40% dos professores em sala de aula. Então tá... Visitem as escolas ou perguntem aos alunos se a rede estadual esta funcionando normalmente...


O desgoverno de São Paulo mente descaradamente e trata os professores como bandidos. Como não acredito em justiça divina, espero que a população de São Paulo, e do Brasil, puna esse sr que desgoverna o nosso estado nas eleições de Outubro. Chega do PSDB, de privatização e precarização do serviço público. Chega de "Organizações Sociais" gerindo hospitais e projetos sociais! Temos de continuar lutando por nosos direitos, DEMOCRATICAMENTE!!!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Educação em SP e a Greve dos Professores

É irritante ver a cobertura dada à greve dos professores de São Paulo. Irritante, mas previsível, sabendo a imprensa que temos. Alguns pontos chamam a atenção. Toda e qualquer cobertura jornalística da greve repete a ladainha de que as manifestações prejudicam o direito de ir e vir. O enfoque é, sempre, o trânsito, e as reivindicações dos professores se restringem, na fala dos repórteres, ao aumento salarial. Esses dois pontos são muito importantes, pois são interligados.

A estratégia utilizada para prejudicar o movimento e jogar parte da população contra os grevistas é repetitiva, mas não custa nada demonstrar as incongruências que permeiam esse discurso. Oras, o leitor mais desavisado tende logo a concordar que é um abuso um grupo de profissionais fechar uma avenida e impedir a passagens de cidadãos para pedir aumento de salário. Que o façam em locais onde o trânsito não seja prejudicado, dizem uns. Outros, mais exaltados, convocam a força da polícia militar para acabar com essa sem-vergonhice. Quem "compra" esses argumentos se esquece de que a educação de qualidade é um direito básico de todo cidadão brasileiro, e não deve ter como únicos defensores os professores estaduais. É óbvio, mas ninguém diz. O problema da educação diz respeito a todos os brasileiros - nesse caso, paulistas. Se a sociedade civil dá as costas para a educação - e aqui podemos colocar no mesmo cesto a própria imprensa, o ministério público, pais, universidades, e demais "formadores de opinião" - nada mais justo que fique parada no trânsito enquanto os professores protestam. Eu diria que é uma medida pedagógica. Enquanto for preciso, o movimento terá de buscar visibilidade, e nada melhor do que a av. Paulista para isso.

Quanto às reivindicações, é óbvio que não são "apenas" salariais. Mas poderiam ser. Em nenhuma outra greve se vê qualquer reivindicação que beneficie, diretamente, os usuários dos serviços prestados. Em que greve, por exemplo, os carteiros reivindicaram diminuição do preço dos selos ou do sedex? Nenhuma, óbvio. Na imensa maioria das greves, o grupo que se sente prejudicado pela política salarial e trabalhista da empresa - quando da iniciativa privada - ou do governo, para justamente para pedir aumento salarial ou melhorias nas condições de trabalho.
A greve dos professores defende, além de melhores salários, formação continuada ao invés de prova de mérito, concurso público no lugar de provinha para professores eventuais e daí em diante. Todas essas questões são omitidas ou transformadas em corporativismo pela mídia e pelo governo. Ficam com a ladainha do aumento salarial para fazer com que os professores pareçam estar lutando "apenas" por dinheiro. Deveriam aplaudir uma categoria que, apesar de tudo, continua denunciando o lento e gradual processo de privatização e precarização dos serviços públicos essenciais que o governo Demo/Tucano vem implantando nos últimos anos.

Outros ponto importantes esquecidos pela imprensa e distorcidos pelo governo:

Prova do Mérito: pra quem tá por fora, a prova do mérito foi instituída pelo governo Serra para, nas palavras do secretário Paulo Ranato, premiar os melhores professores, aqueles que estudam e se preparam(!), com aumentos progressivos dos salários mediante avaliação. Mais uma vez, é uma medida que parece ser benéfica para a educação, mas não é. Vejamos se isso é verdade. Primeiramente, vamos supor que o projeto seja relamente bem intencionado, e premie os melhores professores. Ele já começa se afastando dessa ideia, uma vez que limita o aumento salarial aos 20% melhores. Mesmo que todos os professores tirem nota 10, apenas 20% receberão aumento. Não é muito justo, não é mesmo?
Mas o problema é mais profundo do que a limitação do aumento aos 20% melhores. Primeiramente, por não ser possível afirmar que uma prova, com uma bibliografia específica, possa avaliar quem é ou não é bom professor. A própria bibliografia da prova do mérito diz isso, com a autora Jussara Hoffman. Vejam o paradoxo: uma das autoras indicadas na bibliografia de uma prova que se diz de "mérito" escreveu que seu mais conhecido livro, "Avaliação, Mito e Desafio", "(...) tem por objetivo desafiar o mito da avaliação classificatória(...)". Eu acho isso muito engraçado! Ou o governo é muito mal intencionado ou as pessoas que foram pagas para fazer a prova têm um senso de humor refinadíssimo! Acho que são as duas coisas ao mesmo tempo...
Ademais, mesmo que uma prova pudesse avaliar quem é ou não bom professor, essa já teria sido o concurso público pelo qual todos os professores efetivos tiveram que passar. Por fim, mesmo sabendo que uma prova não serve para classificar o quanto as pessoas são ou não são competentes, seria mais justo haver tal prova caso as condições entre os professores fossem as mesmas. É muito fácil um professor formado em universidade pública, portanto em tese com melhor formação que os demais, tirar a nota mínima da prova, assim como aqueles que moram mais perto da escola, os que tem uma condição de vida melhor, não tem filhos, possuem mais tempo para estudar, etc... Como o próprio estado não prepara os seus professores, dando condições para que esses estudem na própria escola - como qualquer empresa faz com seus empregados, que acabarão beneficiando a própria empresa com seus estudos - não é justo colocar nas costas dos profissionais a culpa por uma má formação ou pela omissão do Estado.

Prova para os temporários: essa é uma excrescência só. Através de uma prova - olha a Jussara Hoffman aí de novo! - os professores não concursados são avaliados e escolhem suas aulas de acordo com a nota. Outra medida que parece benéfica, mas não é! Não o é pq institui o trabalho informal no próprio estado, outro paradoxo, já que o poder público é quem deveria zelar para que isso não acontecesse. Explico: os professores não concursados dão aulas no Estado de São Paulo, mas não tem nenhum direito trabalhista garantido. Se tirarem uma nota ruim na prova, vão para a rua com uma mão na frente e a outra atrás. Ora, qualquer beócio sabe que o trabalhor da iniciativa privada, com carteira assinada, qdo demitido, pode requerer seguro desemprego e tem direito ao FGTS. O estado não dá essas proteções aos seus empregados, mas em contrapartida oferece (ou melhor, oferecia) estabilidade e atendimento médico conveniado, o Iamspe. Pois vejam que situação a da Mariazinha: Deu aulas durante vinte anos no estado e, sem formação continuada, não foi bem na prova dos eventuais, prova essa que, descobrimos com a Jussara Hoffman, não prova nada! Tudo bem, em nome de uma suposta melhoria no ensino, o governo decide que Mariazinha não mais poderá dar aulas no Estado, e pronto! Ela vai pra casa com uma mão na frente e a outra atrás. Durante esses vintes anos - ou trinta, dez, cinco, não importa - Mariazinha trabalhou no estado e recebeu seus proventos, tudo conforme a lei. Sem mais nem menos, é demitida, e NÃO TEM DIREITO A NADA! É a informalização do trabalho no serviço público, um absurdo! O governo, se quer se desfazer dos professores eventuais, que o faça da maneira correta: através de concurso público. Aqueles que não forem aprovados devem receber formação adequada dentro da escola, ou receber o FGTS que um trabalhador da iniciativa privada receberia, abrindo mão de seu INSS. É o mínimo que o governo deveria fazer. Mas engana-se quem pensa que essa situação serve para melhorar o ensino. É apenas pano de fundo para precarizar ainda mais os professores não-concursados. Vejam, aqueles que entrarem na rede agora, sem concurso público, através da nota da provinha, não tem direito ao Iamspe e serão desligados sumariamente do cargo caso faltem 3 vezes no ano. Não poderão ministrar aulas no ano seguinte, pois isso configuraria vínculo trabalhista. Mais um paradoxo do desgoverno do Estado. Demite professores e os deixa sem direito algum no mesmo instante em que aprova uma lei não permitindo que os próximos professores eventuais tenham qualquer vínculo. Assume, assim, que esses professores demitidos tem sim vínculo com o governo, mas não se compromete em nada com eles. Um absurdo total! Lembrando aos incautos, que acham que esse problema atinge apenas algumas escolas, que os professores não concursados passam dos 100 mil! E o governo abriu concurso para 10 mil vagas! É ridículo...

Já falei sobre as apostilas no post abaixo, que é só mais uma maneira de retirar a autonomia dos professores e maquiar os resultados do Saresp.

A escola de formação de docentes é um embuste, pq dura quatro meses, qdo deveria haver formação continuada para todos os docentes.

Finalizando, pra quem conseguiu chegar até aqui, as propostas tucanas para a educação não poderiam estar mais equivocadas. Acredito que demonstrei algumas das incongruências dessa política enganosa e danosa. Por falar em política, é claro que a greve é política. É CONTRA a política do tucanato para a educação de São Paulo. Portanto, a favor de uma política educacional mais inclusiva e humana, que realmente ofereça as condições para que todos os professores possam ministrar aulas de qualidade.

O governo Serra/Paulo Renato deveria fazer como os bons professores, que utilizam suas avaliações para descobrir o que não conseguiram ensinar direito aos alunos, revendo seus procedimentos. No caso dos dois tucanos, deveriam mudar a forma como vem gerindo a educação.

É isso!

Abraços!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Propaganda do desgoverno de São Paulo

Honestamente, nem gostaria de comentar os diversos equívocos que a secretaria de educação vem perpetuando ao longo dos últimos anos. Como professor, talvez eu não tenha o distanciamento necessário para fazer as análises mais pertinentes sobre esse delicado assunto. Mas a propaganda do Serra exaltando as realizações de seu desgoverno na área educacional são de causar náuseas.

Nem sei por onde começar. As deturpações ocupam praticamente a propaganda inteira. Primeiro, dizem que o reforço já começou desde o início das aulas e que a recuperação paralela durará o ano todo. Nada mais enganoso. O reforço não começou, e não haverá recuperação paralela coisa nenhuma, já que os alunos não vão e não há projeto nenhum para tal feita.

Depois, falam do conteúdo a ser ministrado, que é o mesmo para todo o estado, como se isso fosse uma coisa boa! É um tremendo retrocesso apostilar as aulas. Tira a autonomia do professor, proletarizando seu trabalho, desconsidera a realidade dos alunos e vai contra a própria bibliografia do Estado em seu contestado programa de promoção pelo mérito. Além disso, tem o claro propósito de maquiar as notas do Saresp, já que a prova é baseada no conteúdo das apostilas...

Por falar nisso, diz a propaganda que "os professores estão mais preparados", mas não diz o pq. Será pq prestaram a tal prova da promoção pelo mérito? Mas será que os professores estudaram para prestar a prova? Todos os professores a fizeram? Ou estão se referindo ao processo seletivo precário pelo qual passaram os professores eventuais? De qualquer maneira, é mentira. No ano de 2009, o governo Serra cortou mais da metade da verba destinada a formação dos professores! É muita cara de pau...

Diz o informe da infame secretaria, ainda, que as escolas foram pintadas e "reformadas" para o início do ano, o que é a única coisa que passa perto da verdade. As escolas foram pintadas. Por cima da tinta velha, como todos os anos. Em dois meses, tudo estará descascado, como todos os anos. Os vidros continuam quebrados. Não são todas as salas que possuem ventiladores, como mostrado na peça publicitária, muito menos de teto, até pq é proibido.

Ao final, diz o locutor - como quem diz "tá vendo?!"- que os resultados já estão aparecendo no Idesp. A nota do 3º ano do ensino médio, ano passado, no Estado todo, foi, em média, 1,95. Sim, varia de 0 a 10!! É ridículo, uma tremenda enganação.

Paro por aqui, até pq ainda pretendo escrever um outro post a respeito de educação, mais completo.

Abraços!

David


Adicionado em 01/03:

Me esqueci da parte do laboratório de informática, que fica sempre às moscas, sem monitor, com máquinas quebradas, conexão lenta ou todas as anteriores ao mesmo tempo... Sem falar que as máquinas são alugadas, por muito dinheiro...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PNDH 3 e Haiti

A tragédia no Haiti e a absurda composição de forças reacionárias para brecar o Plano Nacional de Direitos Humanos tem muita coisa em comum, por incrível que pareça. O terremoto que atingiu o Haiti e matou aproximadente 150 mil pessoas mostrou ao mundo um país destruído e miserável. O enfoque dado pela mídia nos primeiros dias da tragédia foi aos "saques" e à violência desenfreada, pois presos tinham escapado, não havia policiamento, etc... No âmbito dos direitos humanos, a mídia em geral, unida aos partidos da oposição e à "nata" do poder judiciário, bateu pesado no plano cuja autoria atribuem ao Paulo Vanucchi. Atribuem, pois o plano é fruto de intensa discussão da sociedade civil, e não de autoria de uma única pessoa.

O que une os dois acontecimentos é a defesa escancarada de valores burgueses em geral e do capitalismo em particular. Dar importância aos saques que estão acontecendo em um país que perdeu 150 mil habitantes em algumas horas e no qual não se consegue enterrar os cadáveres é dose pra elefante. Em situação análoga, 99% das pessoas saqueariam para saciar a sede e a fome. Outro aspecto importante do país é que no bairro rico da cidade os imóveis, pertencentes a haitianos ricos que moram nos EUA, não foram praticamente afetados. A desgraça foi maior para os pobres, como é recorrente na história mundial.

Para quem vive no Brasil e acompanha minimamente a vida política do país, nem seria necessário dizer que um movimento que conta com a "adesão" de Boris Casoy, Gilmar Mendes, Kátia Abreu, Sérgio Guerra, as Forças Armadas, Reinaldo Azevedo, toda a grande imprensa, a CNBB, o DEM e o PSDB não é flor que se cheire. Pois todos esses movimentos - por diferentes razões, mas com o claro propósito de frear qualquer tentativa de progresso da cidadania e da própria democracia - bateram, com força, no PNDH 3. Teve de tudo. A CNBB divulgou nota contra o aborto e contra o casamento gay, a senadora Kátia Abreu, musa dos pecuaristas, bateu sem dó no MST e na proposta de mediação de conflitos no campo contida no plano, além de defender o "os direitos humanos consagrados, como a propriedade e a liberdade de imprensa", seja lá de onde ela tirou isso. Os chefes das forças armadas ameaçaram se demitir, assim como o ministro da defesa, Nelson Jobim. Foi uma choradeira só. Nosso "ilustríssimo" presidente do STF, Gilmar Mendes, foi além. Bateu no MST e ainda afirmou que a Lei da Anistia foi ampla, geral e irrestrita. Teve muito mais, mas acho que os exemplos já dão uma bela ideia do que se passou por essas bandas. Os jornalões tb se posicionaram, de maneiras peculiares: Estadão e Folha.

Qual a conclusão disso tudo? Oras, é evidente! Se no Haiti, país destroçado por sucessivos golpes militares, com o 130º PIB mundial vitimado recentemente por um terremoto que matou centenas de milhares de pessoas, quando há saques, a imprensa brasileira acha errado e noticia, imagine "acabar" (porra, nem é isso, é muito menos do que isso o que pretende o PNDH 3!!!) com a propriedade privada aqui no Brasil, país que está entre as dez maiores economias do mundo, vai sediar uma Copa e uma Olimpíada e, afinal de contas, é um lugar abençoado por Deus??! O Haiti mostra, através da sua tragédia, que o capitalismo não conseguirá salvá-lo. Somente será possível reconstruir o país com AJUDA HUMANITÁRIA, muitas DOAÇÕES e SOLIDARIEDADE. Até a dívida externa foi perdoada...

Em outras palavras, se no Haiti - símbolo global de miséria após um terremoto - um saque vira notícia, não é de se estranhar que o PNDH 3 tenha gerado essa onda de protestos e acusações estapafúrdias por parte dos detentores do poder, receosos que estão de perdê-lo.

Trocando em miúdos, mais uma vez: nem que o Brasil afundasse em tragédia semelhante a do país caribenho o tema da propriedade privada seria seriamente debatido por essas bandas. Como muitos dos temas do PNHD também não o seriam. Pior do que isso: no Brasil, sequer a questão do latifúndio é discutida com seriedade!

Onde não há discussão e enfrentamento das desigualdades e discordâncias, impera a violência.

Para uma bela análise do PNDH 3 e da grita promovida pelos de sempre, clique aqui

Abraços!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Espertões

Há tempos as pessoas me irritam. Não se trata de coisa de mimado, "pêra de geladeira". É um sentimento forte, que me faz ter raiva mesmo. Algumas situações já descrevi por aqui, como a da música no ônibus ou propagandas de shoppings. Mas algumas outras me tiram do sério a ponto de, armado, matar. Geralmente essas situações envolvem os "espertões". Gente furando a fila na cara de lata é de doer. Roubar a vaga no estacionamento lotado tb é foda. Injustiças em geral e abuso de poder estão na lista.
Mas a mais emblemática de todas, a meu ver, é o desgraçado que trafega pelo acostamento. Nada pode ser mais irritante do que isso. Se eu tivesse uma bazuca, não sobraria roda sobre roda. O pior é constatar que, por causa desses espertões, você continua parado, que nem uma anta atolada. Talvez pior do que isso, apenas a sensação de total e completa impunidade, já que a polícia vê e nada faz.
Aconteceu comigo dia 02/01/2010. Estava em Ubatuba, indo em direção a Caraguá. Rio-santos parada. Demorei 6 horas para percorrer 22km. Sentado no banco de trás do Uno do Boca, com a Mi e a Lu, a sensação de impotência diante dos espertões do acostamento me consumia. Não dá pra bloquear a estrada, sob pena de ser injustamente multado. Um herói anônimo ainda fez isso, durante algum tempo, para nossa alegria e desespero dos filhos da puta. Mas uma hora teve de ceder e os espertões seguiram. Apelidamos o destemido motorista de "zorro", embora ele não dirigisse um "Fox".
Resolvi, após algum tempo, tomar uma atitude. Peguei papel e caneta e comecei a anotar as placas dos espertões, com a esperança de poder fazer alguma coisa, algum dia. A ideia inicial era presentear algum guarda rodoviário com aquela lista, mas ela logo foi abandonada. Policial algum multaria alguém baseado em uma lista recebida de um cabeludão barbado no meio da estrada, em trajes de banho. Talvez resolvesse até nos prender, por falso testemunho ou algo do gênero. Anotei, mais ou menos, 100 placas, cerca de 10% ou menos do total de espertões que nos ultrapassaram pelo acostamento. Uma hora cansei e fiquei me indagando o porquê de ter feito isso e cheguei à conclusão de que foi uma tentativa de me vingar dos espertões. Não podia multá-los de verdade então criei essa brincadeira...
A Michelle foi mais direta. Escreveu em letras garrafais, no verso de um calendário, a palavra "ESPERTO". Pra cada um que passava, ela esticava a plaquinha. As reações foram diversas. Teve quem se escondesse de vergonha, quem desse risada, quem reclamasse e até passageiros dos veículos espertões que nos apoiaram. Um otário emparelhou e cantou "é preciso saber viver" para nós. Inacreditável, mas o filho da puta ainda achava que estava certo. Era constrangedor e poderia acabar mal, caso as pessoas do abuso de autoridade - outra chaga nativa - resolvessem nos cobrar explicações. Vai saber o que se passa na cabeça de quem acha que acostamento é estrada e foda-se todo mundo...
Enfim, após seis longas horas dentro do carro, cheguei ao meu destino, aliviado por não ter mais de conviver com esse tipo de gente e pensando em alguma maneira de me vingar. E pensei em duas. Envolvendo esse blog.
Vejamos: uma das formas de me vingar dos espertões é fazer com que muitas pessoas saibam quem eles são - ou ao menos que carros dirigem. Para tanto, basta divulgar aqui as placas e carros dos envolvidos, além de distribuir spams com a lista e ver no que dá. Não sei se é ilegal, mas tanto faz.
A outra forma seria, além de divulgar as placas, sutilmente sugerir aos leitores que quebrassem os retrovisores e faróis, arranhassem a lataria, esvaziassem os pneus e cometessem outras maldades com esses carros. Imagine a reação do dono ao sair do cinema, depois de ter fulado fila, e ver seu precioso carro todo depenado. Lindo! Com certeza é ilegal, mas é justo. Justiça e legalidade nem sempre andam de mãos dadas.
Ser processado por incitação à violência ou coisa que o valha seria uma punição com sabor de prêmio.
Publicar ou não?, eis a questão.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Série "Posts Roubados" - 2

Essa vem do Escrevinhador:

Como neto de desaparecido político e filho de preso político, assino embaixo...


Os cafajestes não querem a Comissão de Verdade

publicada terça, 12/01/2010 às 12:44 e atualizado terça, 12/01/2010 às 12:59

Numa atitude cafajeste, alguns setores da sociedade brasileira apresentam a “proposta” de – ao se instituir uma Comissão de Verdade sobre a ditadura – investigar-se “os dois lados”.

Não faz o menor sentido.
É como se, ao fim do nazismo, alguém propusesse: “ok, vamos investigar os carrascos, mas é preciso levar ao banco dos réus também os judeus que resistiram ao legítimo regime nazista”.
Estou a exagerar? Não creio.
Os militantes de esquerda já foram punidos: alguns julgados, muitos presos e torturados, vários executados, encarcerados.
Falar em “investigar os dois lados” é torturar de novo os que sobreviveram, é torturar a memória dos que se foram.
Isso é cafajestagem. Não há outro nome.
É preciso investigar os que seguem impunes. Assassinos e torturadores.
A Justiça poderá puni-los? Talvez. Mas o principal é estabelecer a verdade. O resto é consequência.
Respeito aqueles que – como o professor Paulo Brossard, por exemplo – manifestam sua opinião contra a revisão da “Lei de Anistia”. Ex-ministro, humanista, Brossard não apela para a cafajestagem. Ele acha que a lei é fato consumado e que impede punição aos que atuaram na ditadura.
Humildemente, eu que não sou jurista, mas já entrevistei muita gente sobre esse assunto, gostaria de lembrar: a “Lei de Anistia” não precisa ser abolida para que a Comissão de Verdade se estabeleça.
A Comissão não vai punir ninguém. Vai, simplesmente, fazer um relatório oficial – conduzido por representantes da sociedade, mas com aval do Estado brasileiro – sobre as atrocidades cometidas por agentes do Estado durante a ditadura. A Comissão vai dizer: “fulano foi preso em tal circunstância, foi preso em tal instalação militar, torturado sob as ordens do comandante tal e qual, desapareceu no dia tal, sabe-se que o corpo foi levado para tal vala comum etc.”
É uma satisfação às famílias. É um acerto de contas com a memória do país.
Na Argentina, no Chile (e também na África do Sul, ao fim do Apartheid) comissões desse tipo se estabeleceram.
No Brasil, o Estado omitiu-se. Coube a Dom Paulo Evaristo Arns (então arcebispo de São Paulo, até hoje detestado por parte da elite brasileira, por ter-se posicionado contras as violações e abusos) comandar a investigação que resultou no relatório “Brasil, Nunca Mais”.
Não foi o Estado que fez a investigação. Mas um grupo da sociedade civil. Sem acesso a arquivos, com todas as limitações que se possa imaginar.
O Estado brasileiro precisa prestar contas do que se passou.

As Forças Armadas, inclusive, não merecem carregar esse fardo do passado. Sem dar nomes, sem um acerto de contas, o passado vai voltar a assombrar o Brasil e os militares (e a imensa maioria deles não tem responsabilidade pelos atos cometidos durante a ditadura).

A Comissão é necessária, é justa, está baseada em boas experiências internacionais.
Não há nada de "revanchismo" nisso. Revanchismo seria pegar os torturadores e pendurá-los no pau-de-arara, ou arrancar-lhes as unhas e dentes. Não é isso que se propõe. Mas um acerto de contas civilizado.
Pode-se entender, ao fim de tudo, que não se poderá punir ninguém. Essa é outra discussão, que se dá no STF.
A OAB entrou com uma ação, pedindo que o Supremo decida: torturador pode ou não ser punido? A Lei de Anistia protege os torturadores?
Há quem entenda que não. O argumento é o seguinte: tortura é crime contra a Humanidade, imprescritível, e o Brasil assinou tratados internacionais nesse sentido; portanto, Lei nenhuma pode valer mais do que tratados internacionais.
O STF vai decidir.
Enquanto o STF não decide, algumas famílias usam uma estratégia inteligente. A família Teles, por exemplo, entrou com uma ação declaratória, na Justiça, pedindo que o coronel Brilhante Ustra fosse declarado responsável por torturas quando comandou DOI-CODI em São Paulo. O juiz, em primeira instância, deu ganho à família.
Vejam: é uma ação cível. Não se trata (por hora) de punir Ustra (até porque ele poderia trancar a ação usando justamente a "Lei de Anistia").
O texto sobre a vitória contra Ustra foi o primeiro a ser publicado nesse blog. Sinto orgulho de ter divulgado a informação, em primeira mão, como se pode ler aqui - http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/justica-reconhece-que-ustra-torturou.
Imaginemos que o STF entenda que torturador não pode ser punido penalmente. Seria lamentável. Mas teríamos que respeitar.
Ainda assim, a Comissão de Verdade poderia concluir seu trabalho. E, ao final, dezenas de “ações declaratórias” (como a ajuizada pela família Teles) poderiam ser abertas, com base no relatório da comissão.
As famílias têm sido ignoradas pela grande imprensa no Brasil. Os jornais estão ocupados em fustigar o presidente Lula - acusando o governo de “revanchismo” nesse episódio.
Entidades que representam as famílias lançaram uma carta, no fim do ano, no Rio. É uma espécie de roteiro para que a Comissão da Verdade funcione bem. Publico o principal trecho, a seguir ....
===
Carta da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, GTNM/RJ (Grupo Tortura Nuca Mais - RJ)e Cejil
"(...) Uma Comissão de Verdade deve ser efetiva, autônoma, independente e justa.
Os elementos considerados fundamentais para garantir tal instituição são os seguintes:
1. Funções
O trabalho de uma Comissão da Verdade deve servir a três funções fundamentais:
- ao esclarecimento dos fatos,
- ao reconhecimento moral e ético das vítimas e,
-a apresentação de recomendações de políticas que garantirão a não repetição das violações de direitos humanos.
2. Competências
As competências devem estar claramente definidas, de forma ampla o suficiente para refletir os direitos das vítimas.
2.1. A Comissão de Verdade deve ter competência material para analisar as mais graves violações aos direitos humanos, de acordo com o Direito Internacional, assim como os crimes de ocultação e omissão dos fatos violatórios, como ocultação e destruição de arquivos, ocultação de cadáver e outros.
2.2. A Comissão de Verdade deve ter competência territorial para analisar todos os crimes cometidos no território brasileiro, bem como aqueles crimes cometidos em outros países, cuja ação contou com a colaboração e contribuição de agentes públicos ou privados a mando do Estado brasileiro.
2.3. A Comissão de Verdade deverá ter competência temporal para aqueles crimes cometidos durante o período de 1961 a 1985.
3. Prerrogativas
A Comissão de Verdade deve apurar toda a verdade, o que abarca os fatos, as circunstâncias, o contexto e as responsabilidades.
É necessário que a Comissão tenha o poder de apurar toda a verdade sobre o período da ditadura, sem restrições, incluindo a possibilidade de recomendar às autoridades competentes a investigação criminal contra supostos perpetradores.
A Comissão deve ter a possibilidade de nominar responsabilidades institucionais e individuais presumidas, inclusive o nome de perpetradores. Assim mesmo, deve garantir aos mesmos o direito de resposta e defesa, bem como a possibilidade de entrega de informações adicionais.
3.1. A Comissão de Verdade não deve substituir os atos de justiça.
Os direitos internacionais das vítimas incluem o direito à verdade, á justiça e à reparação. Assim, a Comissão deve auxiliar no cumprimento do direito à verdade, não podendo substituir ou debilitar nenhum outro mecanismo ou ação de recurso aos direitos das vítimas.
Em particular, a criação de uma Comissão de Verdade não deve reduzir a obrigação da União de cumprir efetivamente com seus deveres resultantes de obrigações internacionais, como por exemplo, sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
3.2. Respeito às autoridades judiciais.
O trabalho da Comissão de Verdade não deve contrapor-se à justiça e, ao contrário, deve contribuir e encaminhar às autoridades judiciais, auxiliando na instrução de eventuais inquéritos e sua efetivação.
3.3. Inaplicabilidade da Lei de Anistia.
Os trabalhos da Comissão não serão afetados pela Lei de Anistia (Lei 6.683/79), uma vez que não possui característica de juízo penal.
Do mesmo modo, deverá ser assegurada à Comissão da Verdade a possibilidade de encaminhar as informações resultantes das investigações ao Ministério Público.
3.4. A Comissão de Verdade deve ter total publicidade e transparência.
A Comissão deve ter o poder de realizar audiências públicas com ampla difusão na mídia (incluindo, necessariamente, as TVs Públicas), fornecendo publicidade e condições para o testemunho livre e voluntário das vítimas. Tais testemunhos devem ser realizados sob condições adequadas de acompanhamento psicológico e de segurança pessoal. Ao mesmo tempo a Comissão de Verdade deve levar a cabo procedimentos confidenciais se assim ficar decidido, para garantir a segurança das vítimas e testemunhas.
4. Estrutura
Constitui boa prática um processo consultivo permanente e transparente, contribuindo com a legitimidade e êxito de uma Comissão de Verdade desde o seu estabelecimento, desenho e implementação por meio de consultas amplas à sociedade civil organizada e às vítimas.
O processo de escolha dos comissionados deve ser aberto, transparente e consultivo, garantindo que eles sejam avaliados por sua trajetória, experiência, independência e qualidades éticas. O processo de escolha deve ser público, tal como em um concurso, no qual o candidato a membro da Comissão se apresente por meio de um memorial e defenda sua candidatura perante uma banca formada por pessoas de reconhecida formação e atuação na defesa dos direitos humanos.
8. A Comissão de Verdade deve ser assessorada por um Comitê da sociedade civil.
As organizações da sociedade civil e das vítimas devem compor um comitê formal e efetivo de observação, acompanhamento e assessoria da Comissão de Verdade.
Considerando que a ditadura militar brasileira produziu efeitos em todo o país, o Comitê deve refletir a diversidade nacional e sua pluralidade.
5. Recursos Adequados
A Comissão precisa ter uma estrutura própria, com recursos humanos e materiais. Isto inclui a autonomia da Comissão em contratar suas equipes de trabalho, dotando-a de orçamento independente. Deve-se solicitar também recursos suplementares de instituições e fundações internacionais independentes, aumentando ainda mais a autonomia de atuação da Comissão.
6. Poderes atribuídos à Comissão
6.1. Reais poderes de investigação
Deve ser assegurado acesso aos arquivos do Estado, incluindo os arquivos das Forças Armadas, e o poder de convocar as pessoas envolvidas com estas informações e de visitar os locais onde se encontram os arquivos.
6.2. Poderes de proteção.
Deve ser assegurada proteção para testemunhas ou para aqueles que apresentem documentos e informação.
6.3. Autoridade para publicar
Deve ser assegurada a publicação nacional e internacional das conclusões dos trabalhos e recomendações da Comissão a partir de seu relatório final, assim como versões populares divulgadas nas rádios e televisões.
6.4. Imunidades
Os comissionados devem ter imunidade funcional e garantias de segurança pessoal para cumprir o seu mandato.
7. Seguimento dos trabalhos e implementação das recomendações
7.1. O Estado deve analisar as conclusões e as recomendações dos relatórios da Comissão de Verdade e respondê-los formalmente. Esta resposta deverá ser realizada ante uma instância importante dentro da estrutura estatal, tal como o Congresso Nacional, perante o qual o Estado deverá responder às recomendações da Comissão de Verdade, apresentar um programa para efetivar seu cumprimento, ou bem apresentar as razões e argumentos para não implementar imediatamente alguma das recomendações.
7.2. Os arquivos da Comissão de Verdade devem ser protegidos e disponibilizados para vítimas e para às instância judiciais.
7.3. Deverá ser criada uma instituição de seguimento dos trabalhos da Comissão de Verdade, a fim de atender as necessidades das vítimas e para que quaisquer pendências dos trabalhos que possam ser solucionadas.
7.4. O Estado deve garantir que os resultados da Comissão de Verdade sejam adequadamente incorporados no currículo educativo para que as novas gerações conheçam a verdade histórica sobre a ditadura militar.
Acreditamos que estes são pontos fundamentais para a garantia de uma real apuração da verdade, sem os quais a eficiência e a independência da Comissão de Verdade estariam completamente prejudicadas.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Série "Posts Roubados" - 1

Como a imaginação não é das melhores e a preguiça impera, reproduzirei, de tempos em tempos, posts ou pensamentos que eu gostaria de ter escrito. O primeiro vem lá do Futepoca:

- As três melhores coisas da religião católica são o pecado, o feriado e o vinho!


Eu diria que são as únicas coisas boas...

Lembro de outra memorável frase sobre a Igreja. Fui ao Recife em 2007 com a Mi e me encontrei com um antigo amigo de meu pai, o Marcelo Mário de Melo. Comunista, preso político, jornalista, escritor, poeta, o homem faz de tudo um pouco. Levou-nos para conhecer a cidade natal de meu pai, contou-nos a rica história do local e, de quebra, nos levou para jantar. Em dado momento, falando sobre sua filha mais nova, contou de quando a menina, ao voltar da escola em que estudava, perguntou-lhe se acreditava em Deus. Respondeu que não, mas que era uma opção de cada um e respeitaria a decisão da filha de ser ou não católica. Mas impôs-lhe uma condição:

"- Filha, tudo bem você acreditar em Deus e frequentar a Igreja Católica, contanto que faça parte da Teologia da Libertação!"

É isso aí, dos males o menor...