sábado, 27 de março de 2010

Sobre os confrontos na manifestação de 26/03

O desgoverno de São Paulo ultrapassa agora todos os limites da mentira e da manipulação da opinião pública. Responderei, minuciosamente, todos os pontos defendidos pelo secretário Paulo Renato e sua equipe, pois não se pode deixar uma mentira sem resposta, sob o risco de que se torne verdade.

Leiam a íntegra da nota:

"Uma comissão de sindicalistas foi recebida por representantes da Secretaria da Educação e da Casa Civil no Palácio dos Bandeirantes. O governo informou que só aceita conversar sobre salários após o fim da greve (1). A Secretaria da Educação também informou que não vai mudar nenhum dos programas que são combatidos pelo sindicato, como o Programa de Valorização pelo Mérito, que dá aumento de 25% de acordo com o resultado de uma prova; a lei que acabou com a possibilidade de faltar dia sim, dia não (2); e a criação da Escola Paulista de Professores, com a abertura de concurso para dez mil novas vagas. São esses programas que estão permitindo melhorar a educação de São Paulo (3) , com o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado tendo melhorado 9,4% em 2009 em relação a 2008. Ainda nesta semana o governo pagou R$ 655 milhões em Bônus por Resultado (4) para 210 mil profissionais da educação.

A Secretaria informa, ainda, que o movimento da Apeoesp afeta apenas 1% das escolas (5). O sindicato convocou a greve sem que tivesse tentado nenhuma negociação com a Secretaria da Educação (6), o que evidencia sua finalidade política. (7) O movimento contesta, também, leis aprovadas na Assembleia Legislativa após amplo debate, o que indica mais uma vez o seu desprezo pelas regras da democracia. (8)

A Secretaria da Educação lamenta a truculência e a violência dos sindicalistas (9), que nesta semana fizeram baderna até mesmo dentro de um hospital. A Secretaria considera que a violência é uma tentativa do sindicato de criar um fato político, já que a rede de 5.000 escolas estaduais funciona normalmente.(10)"


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Agora, o que de fato significa tudo isso:

1 - Quem só aceita "conversar" sobre salários - mais uma vez tentando diminuir o movimento - depois do fim da greve só pode estar delirando. Negociar sem greve não é negociar, é impôr. A greve é a moeda de troca dos professores em uma negociação. Quem pretende negociar após a greve não pretende negociar coisa alguma.

2 - A lei que acabou com a possibilidade de faltar dia sim dia não, nas palavras tucanas, é a 1041/2008. Na prática, ela limita as faltas dos professores em até 6 vezes ao ano para consultas médicas, não mais do que uma vez por mês. Sob o pretexto de "moralizar" as faltas, cria-se uma lei que pune quem fica doente. Em que profissão limita-se as faltas de um funcionário doente? É ridículo. Ainda mais pq manipula a opinião pública, ao igualar a situação anterior com "professores que faltam dia sim dia não". É muita manipulação! Nunca vi professor algum faltando dia sim dia não, e, se faltasse, não teria o menor respeito dos alunos e dos colegas. A lei ignora ainda o fato de que o magistério é uma profissão com horários rígidos, o que inviabiliza possíveis acordos - falto hj, mas compenso amanhã, por exemplo - tão comuns em todas as outras repartições públicas e empresas privadas. Pra piorar a situação, as consultas no IAMSPE não permitem que se escolham os horários. Autoritarismo disfarçado de "eficiência de gestão de recursos humanos".

3 - Realmente, gostaria muito que me explicassem em que parte do Estado de São Paulo a educação melhorou, e qual foi o papel dessas políticas nessa "melhora". E lembrem-se de que o PSDB governa esse estado há 16 anos... Os índices do IDESP, apesar de toda a manipulação do governo, com apostilas e conteúdo único para facilitar na hora da prova, além da junção das categorias 'básico' e 'adequado' para dar uma média "positiva", são rídiculos. A média do Estado, para o Ensino Médio, não é nem 2,00. Não é preciso ir muito além desse fato.

4 - A bonificação por resultados é uma política antiga, que ninguém mais usa. Funciona nos primeiros anos, com as escolas alcançando os índices propostos - nem isso acontece por aqui - mas não vai adiante, pois não altera a estrutura do ensino, não altera a prática pedagógica, não serve para tornar a educação includente. Supor que algém dará uma aula melhor para tentar ganhar um bônus no final do ano baseado em provas feitas por seus alunos é achar que todo mundo é idiota. Não precisamos de bônus, precisamos de salários dignos.

5 - Se a greve afetasse apenas 1% das escolas, não haveria polícia metendo o cacete em professores, nem teriam recebido uma comissão para "negociar" a greve. Se 1% do professorado paulista consegue ocupar toda uma pista da Consolação, devo ter faltado nas aulas de matemática.

6 - A Apeoesp protocolou um pedido de negociação com o governo em 19/01. Não houve nenhuma resposta. Mais uma mentira do governo.

7 - Na verdade, o governo esta se referindo ao movimento como eleitoreiro. É que movimento político pode significar muitas coisas, fato que o desgovernador de São Paulo deve desconhecer. Política pode significar os meios pelos quais se consegue o que se quer, formas de manter o poder, maneiras de organização social, enfim, política acontece em todo lugar, o tempo todo. O desgoverno mente ao afirmar que a greve tem motivações eleitorais. Tanto é que não tem nem coragem de afirmar isso de verdade. Joga com as palavras e com a opinião pública, para tentar desqualificar o movimento. A greve tem uma pauta de reivindicações. Basta negociar.

8 - O amplo debate a que se refere o governo aconteceu onde? No Fasano? Chamar o rolo compressor de Serra na Assembleia Legislativa de democrático beira o sarcasmo. Qualquer partido com ampla maioria na assembleia aprova o que bem entender. Quem não concordar, não concorda com a democracia? Bela lição de sociologia essa do PSDB. Anti-democrático é o próprio governo, que se recusa a dialogar com um movimento legalmente constituído e que representa grande parte dos professores do Estado, já que une APEOESP, UDEMO, CPP, entre outros. Está virando moda entre essa turma tucana chamar a todos os que discordam de suas medidas excludentes e privatistas de anti-democráticos, truculentos e daí pra baixo. Deve ser a falta de alternância no poder, já que governam o Estado há 16 anos e conseguiram um índice de desenvolvimento da educação menor que 2, numa escala que vai até 10. Ainda bem que alguém discorda dessa política!!

9 - Os "sindicalistas" é que são truculentos e violentos? Primeiro, quem estava na manifestação não era "sindicalista". Eram professores e alunos. Segundo, quem é truculento e violento é o próprio governador, além de autoritário. E covarde, muito covarde! Atirar balas de borracha, jogar bombas de efeito moral e dar cacetadas nos professores deve ser um ato de amor do desgoverno e da PM, essa insituição que prima pelo respeito aos direitos humanos... Essa tática é velha: acusam de violentos e truculentos justamente para não serem acusado disso. Mas a tecnologia é nossa aliada. Vários professores filmaram tudo, e as imagens hão de mostrar quem foi violento, truculento, canalha e covarde!!!

10 - A rede estadual funciona normalmente, sem no mínimo 40% dos professores em sala de aula. Então tá... Visitem as escolas ou perguntem aos alunos se a rede estadual esta funcionando normalmente...


O desgoverno de São Paulo mente descaradamente e trata os professores como bandidos. Como não acredito em justiça divina, espero que a população de São Paulo, e do Brasil, puna esse sr que desgoverna o nosso estado nas eleições de Outubro. Chega do PSDB, de privatização e precarização do serviço público. Chega de "Organizações Sociais" gerindo hospitais e projetos sociais! Temos de continuar lutando por nosos direitos, DEMOCRATICAMENTE!!!

3 comentários:

  1. Sabe, eu realmente adoro vir aqui ler seus posts. Vou passar pra frente, ok?

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  2. Obrigado Di! Claro que pode passar pra frente... Abçs!!

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  3. Primeiro gostaria de agradecer a sua visita ao meu blog. Gostei muito dos seus textos e vou anexar o seu blog nos links do meu. Com relação aos confrontos e a cobertura midiática, é incrível como muitos professores q não estavam lá ainda acreditam no q viram na TV e não no q a gente q estava presente diz. Eu fico irado qdo vejo os professores reclamando do governo e do salário e até da mídia, mas depois esta lendo a Veja e repassando aqueles e-mails reacionários sobre a Dilma.

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