segunda-feira, 29 de março de 2010

Série "Posts Roubados" - 3

Dando continuidade aos posts "roubados", veja um dos motivos pelos quais o jornalista Gilberto Dimenstein gosta tanto de criticar os professores e afagar o desgovernador José Serra...

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sábado, 27 de março de 2010

Sobre os confrontos na manifestação de 26/03

O desgoverno de São Paulo ultrapassa agora todos os limites da mentira e da manipulação da opinião pública. Responderei, minuciosamente, todos os pontos defendidos pelo secretário Paulo Renato e sua equipe, pois não se pode deixar uma mentira sem resposta, sob o risco de que se torne verdade.

Leiam a íntegra da nota:

"Uma comissão de sindicalistas foi recebida por representantes da Secretaria da Educação e da Casa Civil no Palácio dos Bandeirantes. O governo informou que só aceita conversar sobre salários após o fim da greve (1). A Secretaria da Educação também informou que não vai mudar nenhum dos programas que são combatidos pelo sindicato, como o Programa de Valorização pelo Mérito, que dá aumento de 25% de acordo com o resultado de uma prova; a lei que acabou com a possibilidade de faltar dia sim, dia não (2); e a criação da Escola Paulista de Professores, com a abertura de concurso para dez mil novas vagas. São esses programas que estão permitindo melhorar a educação de São Paulo (3) , com o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado tendo melhorado 9,4% em 2009 em relação a 2008. Ainda nesta semana o governo pagou R$ 655 milhões em Bônus por Resultado (4) para 210 mil profissionais da educação.

A Secretaria informa, ainda, que o movimento da Apeoesp afeta apenas 1% das escolas (5). O sindicato convocou a greve sem que tivesse tentado nenhuma negociação com a Secretaria da Educação (6), o que evidencia sua finalidade política. (7) O movimento contesta, também, leis aprovadas na Assembleia Legislativa após amplo debate, o que indica mais uma vez o seu desprezo pelas regras da democracia. (8)

A Secretaria da Educação lamenta a truculência e a violência dos sindicalistas (9), que nesta semana fizeram baderna até mesmo dentro de um hospital. A Secretaria considera que a violência é uma tentativa do sindicato de criar um fato político, já que a rede de 5.000 escolas estaduais funciona normalmente.(10)"


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Agora, o que de fato significa tudo isso:

1 - Quem só aceita "conversar" sobre salários - mais uma vez tentando diminuir o movimento - depois do fim da greve só pode estar delirando. Negociar sem greve não é negociar, é impôr. A greve é a moeda de troca dos professores em uma negociação. Quem pretende negociar após a greve não pretende negociar coisa alguma.

2 - A lei que acabou com a possibilidade de faltar dia sim dia não, nas palavras tucanas, é a 1041/2008. Na prática, ela limita as faltas dos professores em até 6 vezes ao ano para consultas médicas, não mais do que uma vez por mês. Sob o pretexto de "moralizar" as faltas, cria-se uma lei que pune quem fica doente. Em que profissão limita-se as faltas de um funcionário doente? É ridículo. Ainda mais pq manipula a opinião pública, ao igualar a situação anterior com "professores que faltam dia sim dia não". É muita manipulação! Nunca vi professor algum faltando dia sim dia não, e, se faltasse, não teria o menor respeito dos alunos e dos colegas. A lei ignora ainda o fato de que o magistério é uma profissão com horários rígidos, o que inviabiliza possíveis acordos - falto hj, mas compenso amanhã, por exemplo - tão comuns em todas as outras repartições públicas e empresas privadas. Pra piorar a situação, as consultas no IAMSPE não permitem que se escolham os horários. Autoritarismo disfarçado de "eficiência de gestão de recursos humanos".

3 - Realmente, gostaria muito que me explicassem em que parte do Estado de São Paulo a educação melhorou, e qual foi o papel dessas políticas nessa "melhora". E lembrem-se de que o PSDB governa esse estado há 16 anos... Os índices do IDESP, apesar de toda a manipulação do governo, com apostilas e conteúdo único para facilitar na hora da prova, além da junção das categorias 'básico' e 'adequado' para dar uma média "positiva", são rídiculos. A média do Estado, para o Ensino Médio, não é nem 2,00. Não é preciso ir muito além desse fato.

4 - A bonificação por resultados é uma política antiga, que ninguém mais usa. Funciona nos primeiros anos, com as escolas alcançando os índices propostos - nem isso acontece por aqui - mas não vai adiante, pois não altera a estrutura do ensino, não altera a prática pedagógica, não serve para tornar a educação includente. Supor que algém dará uma aula melhor para tentar ganhar um bônus no final do ano baseado em provas feitas por seus alunos é achar que todo mundo é idiota. Não precisamos de bônus, precisamos de salários dignos.

5 - Se a greve afetasse apenas 1% das escolas, não haveria polícia metendo o cacete em professores, nem teriam recebido uma comissão para "negociar" a greve. Se 1% do professorado paulista consegue ocupar toda uma pista da Consolação, devo ter faltado nas aulas de matemática.

6 - A Apeoesp protocolou um pedido de negociação com o governo em 19/01. Não houve nenhuma resposta. Mais uma mentira do governo.

7 - Na verdade, o governo esta se referindo ao movimento como eleitoreiro. É que movimento político pode significar muitas coisas, fato que o desgovernador de São Paulo deve desconhecer. Política pode significar os meios pelos quais se consegue o que se quer, formas de manter o poder, maneiras de organização social, enfim, política acontece em todo lugar, o tempo todo. O desgoverno mente ao afirmar que a greve tem motivações eleitorais. Tanto é que não tem nem coragem de afirmar isso de verdade. Joga com as palavras e com a opinião pública, para tentar desqualificar o movimento. A greve tem uma pauta de reivindicações. Basta negociar.

8 - O amplo debate a que se refere o governo aconteceu onde? No Fasano? Chamar o rolo compressor de Serra na Assembleia Legislativa de democrático beira o sarcasmo. Qualquer partido com ampla maioria na assembleia aprova o que bem entender. Quem não concordar, não concorda com a democracia? Bela lição de sociologia essa do PSDB. Anti-democrático é o próprio governo, que se recusa a dialogar com um movimento legalmente constituído e que representa grande parte dos professores do Estado, já que une APEOESP, UDEMO, CPP, entre outros. Está virando moda entre essa turma tucana chamar a todos os que discordam de suas medidas excludentes e privatistas de anti-democráticos, truculentos e daí pra baixo. Deve ser a falta de alternância no poder, já que governam o Estado há 16 anos e conseguiram um índice de desenvolvimento da educação menor que 2, numa escala que vai até 10. Ainda bem que alguém discorda dessa política!!

9 - Os "sindicalistas" é que são truculentos e violentos? Primeiro, quem estava na manifestação não era "sindicalista". Eram professores e alunos. Segundo, quem é truculento e violento é o próprio governador, além de autoritário. E covarde, muito covarde! Atirar balas de borracha, jogar bombas de efeito moral e dar cacetadas nos professores deve ser um ato de amor do desgoverno e da PM, essa insituição que prima pelo respeito aos direitos humanos... Essa tática é velha: acusam de violentos e truculentos justamente para não serem acusado disso. Mas a tecnologia é nossa aliada. Vários professores filmaram tudo, e as imagens hão de mostrar quem foi violento, truculento, canalha e covarde!!!

10 - A rede estadual funciona normalmente, sem no mínimo 40% dos professores em sala de aula. Então tá... Visitem as escolas ou perguntem aos alunos se a rede estadual esta funcionando normalmente...


O desgoverno de São Paulo mente descaradamente e trata os professores como bandidos. Como não acredito em justiça divina, espero que a população de São Paulo, e do Brasil, puna esse sr que desgoverna o nosso estado nas eleições de Outubro. Chega do PSDB, de privatização e precarização do serviço público. Chega de "Organizações Sociais" gerindo hospitais e projetos sociais! Temos de continuar lutando por nosos direitos, DEMOCRATICAMENTE!!!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Educação em SP e a Greve dos Professores

É irritante ver a cobertura dada à greve dos professores de São Paulo. Irritante, mas previsível, sabendo a imprensa que temos. Alguns pontos chamam a atenção. Toda e qualquer cobertura jornalística da greve repete a ladainha de que as manifestações prejudicam o direito de ir e vir. O enfoque é, sempre, o trânsito, e as reivindicações dos professores se restringem, na fala dos repórteres, ao aumento salarial. Esses dois pontos são muito importantes, pois são interligados.

A estratégia utilizada para prejudicar o movimento e jogar parte da população contra os grevistas é repetitiva, mas não custa nada demonstrar as incongruências que permeiam esse discurso. Oras, o leitor mais desavisado tende logo a concordar que é um abuso um grupo de profissionais fechar uma avenida e impedir a passagens de cidadãos para pedir aumento de salário. Que o façam em locais onde o trânsito não seja prejudicado, dizem uns. Outros, mais exaltados, convocam a força da polícia militar para acabar com essa sem-vergonhice. Quem "compra" esses argumentos se esquece de que a educação de qualidade é um direito básico de todo cidadão brasileiro, e não deve ter como únicos defensores os professores estaduais. É óbvio, mas ninguém diz. O problema da educação diz respeito a todos os brasileiros - nesse caso, paulistas. Se a sociedade civil dá as costas para a educação - e aqui podemos colocar no mesmo cesto a própria imprensa, o ministério público, pais, universidades, e demais "formadores de opinião" - nada mais justo que fique parada no trânsito enquanto os professores protestam. Eu diria que é uma medida pedagógica. Enquanto for preciso, o movimento terá de buscar visibilidade, e nada melhor do que a av. Paulista para isso.

Quanto às reivindicações, é óbvio que não são "apenas" salariais. Mas poderiam ser. Em nenhuma outra greve se vê qualquer reivindicação que beneficie, diretamente, os usuários dos serviços prestados. Em que greve, por exemplo, os carteiros reivindicaram diminuição do preço dos selos ou do sedex? Nenhuma, óbvio. Na imensa maioria das greves, o grupo que se sente prejudicado pela política salarial e trabalhista da empresa - quando da iniciativa privada - ou do governo, para justamente para pedir aumento salarial ou melhorias nas condições de trabalho.
A greve dos professores defende, além de melhores salários, formação continuada ao invés de prova de mérito, concurso público no lugar de provinha para professores eventuais e daí em diante. Todas essas questões são omitidas ou transformadas em corporativismo pela mídia e pelo governo. Ficam com a ladainha do aumento salarial para fazer com que os professores pareçam estar lutando "apenas" por dinheiro. Deveriam aplaudir uma categoria que, apesar de tudo, continua denunciando o lento e gradual processo de privatização e precarização dos serviços públicos essenciais que o governo Demo/Tucano vem implantando nos últimos anos.

Outros ponto importantes esquecidos pela imprensa e distorcidos pelo governo:

Prova do Mérito: pra quem tá por fora, a prova do mérito foi instituída pelo governo Serra para, nas palavras do secretário Paulo Ranato, premiar os melhores professores, aqueles que estudam e se preparam(!), com aumentos progressivos dos salários mediante avaliação. Mais uma vez, é uma medida que parece ser benéfica para a educação, mas não é. Vejamos se isso é verdade. Primeiramente, vamos supor que o projeto seja relamente bem intencionado, e premie os melhores professores. Ele já começa se afastando dessa ideia, uma vez que limita o aumento salarial aos 20% melhores. Mesmo que todos os professores tirem nota 10, apenas 20% receberão aumento. Não é muito justo, não é mesmo?
Mas o problema é mais profundo do que a limitação do aumento aos 20% melhores. Primeiramente, por não ser possível afirmar que uma prova, com uma bibliografia específica, possa avaliar quem é ou não é bom professor. A própria bibliografia da prova do mérito diz isso, com a autora Jussara Hoffman. Vejam o paradoxo: uma das autoras indicadas na bibliografia de uma prova que se diz de "mérito" escreveu que seu mais conhecido livro, "Avaliação, Mito e Desafio", "(...) tem por objetivo desafiar o mito da avaliação classificatória(...)". Eu acho isso muito engraçado! Ou o governo é muito mal intencionado ou as pessoas que foram pagas para fazer a prova têm um senso de humor refinadíssimo! Acho que são as duas coisas ao mesmo tempo...
Ademais, mesmo que uma prova pudesse avaliar quem é ou não bom professor, essa já teria sido o concurso público pelo qual todos os professores efetivos tiveram que passar. Por fim, mesmo sabendo que uma prova não serve para classificar o quanto as pessoas são ou não são competentes, seria mais justo haver tal prova caso as condições entre os professores fossem as mesmas. É muito fácil um professor formado em universidade pública, portanto em tese com melhor formação que os demais, tirar a nota mínima da prova, assim como aqueles que moram mais perto da escola, os que tem uma condição de vida melhor, não tem filhos, possuem mais tempo para estudar, etc... Como o próprio estado não prepara os seus professores, dando condições para que esses estudem na própria escola - como qualquer empresa faz com seus empregados, que acabarão beneficiando a própria empresa com seus estudos - não é justo colocar nas costas dos profissionais a culpa por uma má formação ou pela omissão do Estado.

Prova para os temporários: essa é uma excrescência só. Através de uma prova - olha a Jussara Hoffman aí de novo! - os professores não concursados são avaliados e escolhem suas aulas de acordo com a nota. Outra medida que parece benéfica, mas não é! Não o é pq institui o trabalho informal no próprio estado, outro paradoxo, já que o poder público é quem deveria zelar para que isso não acontecesse. Explico: os professores não concursados dão aulas no Estado de São Paulo, mas não tem nenhum direito trabalhista garantido. Se tirarem uma nota ruim na prova, vão para a rua com uma mão na frente e a outra atrás. Ora, qualquer beócio sabe que o trabalhor da iniciativa privada, com carteira assinada, qdo demitido, pode requerer seguro desemprego e tem direito ao FGTS. O estado não dá essas proteções aos seus empregados, mas em contrapartida oferece (ou melhor, oferecia) estabilidade e atendimento médico conveniado, o Iamspe. Pois vejam que situação a da Mariazinha: Deu aulas durante vinte anos no estado e, sem formação continuada, não foi bem na prova dos eventuais, prova essa que, descobrimos com a Jussara Hoffman, não prova nada! Tudo bem, em nome de uma suposta melhoria no ensino, o governo decide que Mariazinha não mais poderá dar aulas no Estado, e pronto! Ela vai pra casa com uma mão na frente e a outra atrás. Durante esses vintes anos - ou trinta, dez, cinco, não importa - Mariazinha trabalhou no estado e recebeu seus proventos, tudo conforme a lei. Sem mais nem menos, é demitida, e NÃO TEM DIREITO A NADA! É a informalização do trabalho no serviço público, um absurdo! O governo, se quer se desfazer dos professores eventuais, que o faça da maneira correta: através de concurso público. Aqueles que não forem aprovados devem receber formação adequada dentro da escola, ou receber o FGTS que um trabalhador da iniciativa privada receberia, abrindo mão de seu INSS. É o mínimo que o governo deveria fazer. Mas engana-se quem pensa que essa situação serve para melhorar o ensino. É apenas pano de fundo para precarizar ainda mais os professores não-concursados. Vejam, aqueles que entrarem na rede agora, sem concurso público, através da nota da provinha, não tem direito ao Iamspe e serão desligados sumariamente do cargo caso faltem 3 vezes no ano. Não poderão ministrar aulas no ano seguinte, pois isso configuraria vínculo trabalhista. Mais um paradoxo do desgoverno do Estado. Demite professores e os deixa sem direito algum no mesmo instante em que aprova uma lei não permitindo que os próximos professores eventuais tenham qualquer vínculo. Assume, assim, que esses professores demitidos tem sim vínculo com o governo, mas não se compromete em nada com eles. Um absurdo total! Lembrando aos incautos, que acham que esse problema atinge apenas algumas escolas, que os professores não concursados passam dos 100 mil! E o governo abriu concurso para 10 mil vagas! É ridículo...

Já falei sobre as apostilas no post abaixo, que é só mais uma maneira de retirar a autonomia dos professores e maquiar os resultados do Saresp.

A escola de formação de docentes é um embuste, pq dura quatro meses, qdo deveria haver formação continuada para todos os docentes.

Finalizando, pra quem conseguiu chegar até aqui, as propostas tucanas para a educação não poderiam estar mais equivocadas. Acredito que demonstrei algumas das incongruências dessa política enganosa e danosa. Por falar em política, é claro que a greve é política. É CONTRA a política do tucanato para a educação de São Paulo. Portanto, a favor de uma política educacional mais inclusiva e humana, que realmente ofereça as condições para que todos os professores possam ministrar aulas de qualidade.

O governo Serra/Paulo Renato deveria fazer como os bons professores, que utilizam suas avaliações para descobrir o que não conseguiram ensinar direito aos alunos, revendo seus procedimentos. No caso dos dois tucanos, deveriam mudar a forma como vem gerindo a educação.

É isso!

Abraços!