sábado, 5 de dezembro de 2009

Ficção??

Uma notícia no portal do Uol chama a atenção essa manhã: Ator e dramaturgo são baleados no espaço Parlapatões O curioso, se é que uma tentativa de assassinato pode ser assim adjetivada, é que o dramaturgo, Mário Bortolotto, tem um blog (e um livro derivado do blog) chamado Atire no dramaturgo. O que nos leva a pelo menos duas possibilidades.

1 - Realmente a vida imita a arte.

2 - O assaltante era um ator frustrado, recusado para integrar o elenco de Brutal ou ainda de Nossa Vida Não Vale um Chevrolet, que resolveu fazer da ficção - o livro Atire no Dramaturgo - realidade.

Não acredito em nenhuma delas e provavelmente quem fez isso é burro demais para ser ator.

Mas, se fosse, podia ser assim:

Alaor, jovem ator recém-formado pela Faculdade de Artes Cênicas da Uniban, após ser reprovado pela quadragésima vez em audições, resolve mudar de ramo. Que se fodam todos aqueles que não acreditaram no seu potencial como ator dramático! Danem-se os que o reprovaram para animar festinhas infantis! Vão à merda os donos de shopping que não o quiseram como papai noel, apesar de seu hohoho e de sua curiosa imitação de rena.

Após convencer-se de que assaltar seria mais fácil do que representar, Alaor passa longas madrugadas imaginando qual seria sua porta de entrada para o mundo do crime. Pensou em casas lotéricas, shopping centers, bancos, supermercados, farmácias, ônibus. Achou tudo muito difícil. Muitos seguranças, muitas câmeras. Menos nos ônibus. Mas ônibus é lugar de pobre, conformou-se. Já pensava em aceitar aquele emprego de porteiro de sauna da Augusta quando lembrou das bilheterias de teatro. Não que desse muito dinheiro, pelo contrário. Seria mais lucrativo assaltar o busão Terminal Capelinha, caso conseguisse sair de lá vivo. Mas seria um golpe de mestre, a vingança perfeita.

Plano pronto, sexta-feira, dirigiu-se para a Roosevelt. Esperaria o final dos espetáculos, pegaria todos desprevenidos. Caso algo desse errado, diria que tudo não passava de uma encenação, teatro de vanguarda ou coisa que o valha. Viu o ator que tinha tomado seu lugar e o autor que o tinha reprovado, não pensou duas vezes. Anunciou o assalto. Pediu toda a grana do espetáculo, nervoso, hesitante, mas com a arma em punho. Ouviu o que não queria, que não tinha grana nenhuma, sai fora! Sapecou três tiros na perna do ator, que é pra deixar de ser besta e dar chance aos que estão chegando, e depois mirou no peito do dramaturgo, que afinal de contas pedira, por escrito, para ser alvejado. Saiu correndo em disparada pela Consolação até alcançar a Xavier de Toledo, onde parou. Ficou contemplando aquele prédio antigo, imponente e assustador que se materializara em sua frente. Sim, essa havia sido sua melhor atuação, e o ato final seria em frente ao Municipal. Jogou a arma no colo do Carlos Gomes e correu.




P.S. Bortolotto e Henrique Figueroa foram internados e passam bem, na medida do possível. É muito estranho que 4 pessoas resolvam assaltar um teatro as 5:30 da manhã e que atirem 3 vezes em cada pessoa. A polícia, pra variar, não tem pistas dos assaltantes...


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